segunda-feira, 17 de outubro de 2011

And suddenly, it's hard to breathe



Então que minha nova piada sarcástica é que mais dia, menos dia, eu vou ser a nova Poalli (TDUD). E nêgo ri, eu rio. Mas a risada quebra no final, porque há realmente um medo de isso acontecer (ou chegar bem perto). É provavelmente a 5° ou 6° vez que eu me sinto assim na vida. Assim, eu digo, de não ter nem um lugar para morar, um lugar onde as pessoas QUEIRAM que você esteja (ou pelo menos não se incomodem), sem estar morando de favor, sem correr um risco real de ser expulsa a qualquer momento, porque só a pena que os outros ainda possuem por você te segura ali mais tempo. Essa vez provavelmente é a pior, apesar de que todas as vezes que me encontrei nessa situação, terem sido as piores épocas da vida. Mas foi a vez que eu menos previa, foi a vez que aconteceu várias vezes em um curto intervalo e foi a vez que eu mais me decepcionei.

E nessa paralisia emocional que sempre fico quando meu futuro imaginado cai em meio a um vão, penso muito em uma coisa só. Em uma pessoa e como seria tudo diferente. E eu definitivamente não conseguiria explicar isso em palavras. Mas cheguei quase no fim do livro Vacaciones (que sim, estou relendo) e uma página resume tudo. Resume tanto.

hoje é aniversário de dez anos da morte do meu pai e estou aqui olhando para a parede tentando entender como é que dez anos passaram despercebidos. sem querer ofender sua inteligência nem nada, mas você percebe que dez anos são uma década? que em setembro, quando eu completar 22 anos, terei passado mais tempo sem meu pai do que com ele? de alguma forma o tempo deveria ajudar, mas a verdade é que não ajuda nada e, se possível, até piora. o fato de estar vivendo minha pior fase também não anima muito. suspiro. tudo conspira.

quando as coisas estão bem horríveis mesmo, eu me torturo pensando que tudo seria diferente e melhor se ele ainda estivesse vivo. mas daí eu penso que se ele ainda estivesse aqui não teria irlanda, não teria argentina, não teria são paulo... e sem essas mudanças não seria eu – esse eu sentado aqui escrevendo no blog –, mas uma pessoa diferente (melhor, talvez?) a quem eu ainda não fui apresentada, se é que serei um dia. mas quer saber? eu apodreceria em campinas até o fim da vida se pudesse ter meu pai de volta mesmo que só por um momento.

E é tão igual. Eu geralmente penso em coisas como "ah, se minha mãe estivesse viva, eu não iria ter vivido metade do que eu vivi na minha adolescência, não teria morado em Salvador, não teria feito UFBa, não conheceria minhas melhores amigas, não teria tido meus amores, provavelmente nem seria veterinária". E isso as vezes conforta, porque leva você a pensar que o destino deve realmente existir e as coisas ruins na sua vida te levam a crescer como pessoa, te levam a uma nova vida que você nem faria noção que existia se não fosse por aquilo. Mais ou menos aquela coisa de Efeito Borboleta e ei, aceite as tragédias da sua vida, porque sem elas tudo estaria diferente.

Mas aí a vida te mostra como ela é, como as coisas são na realidade. E você quer que se foda todos os dias bons, todos os sorrisos que você já deu e as lembranças boas que vem com eles, tudo que você é hoje e nunca seria se o caminho tivesse continuado igual. Eu trocaria todos os dias de festas e cachaças e carnavais que tive pra ficar em casa assistindo tv todos os dias. Trocaria veterinária por qualquer curso do Senai com um emprego de caixa de banco. Trocaria minha formatura, que foi o melhor dia do mundo, por uma conversa de duas horas me ensinando o que fazer. Seria qualquer pessoa, boba, ignorante, sem experiências, sem alegria, qualquer pessoa. Eu não me importo. Eu não me importaria. Porque hoje é um dos dias que eu passo por coisas que eu não deveria estar passando, coisas que eu não passaria se ela estivesse aqui, coisas que só ela não me permitiria passar.

É incrível, sabe. A falta que uma única pessoa pode fazer na sua vida. Sem essa babaquice de "cada pessoa é única, cada um faz falta". Falo da diferença que haveria aqui, agora, se uma pessoa só no mundo ainda existisse. The piece is gone, left the puzzle undone. É incrível. Inacreditável.

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